Bola Preta denuncia 'venda' de áreas públicas no seu desfile


Tássia Thum Cruz

Na sexta(8) à noite, depois das 20h, o Bola parou a Praça Mauá, no Centro


O presidente do Cordão da Bola Preta, Pedro Ernesto Marinho, denuncia que estão sendo vendidos espaços públicos na Cinelândia, no Centro do Rio, onde o bloco faz sua concentração antes do tradicional desfile de sábado de carnaval (13).

De acordo com Marinho, grupos de pessoas fazem uma espécie de “cercado”, em diferentes pontos da praça, e oferecem comida e bebidas para quem paga pelo “serviço”. “Isso ocorre todos os anos. Esses grupos utilizam o espaço público, as calçadas”, critica Marinho. “E o pior: eles vendem o espaço como se fosse do Bola Preta. O Bola Preta não tem nenhum espaço reservado”, indigna-se.

Segundo o presidente do Bola Preta, três pessoas foram até a sede da instituição, no Centro, para trocar carnês por um cupom que daria direito à utilização do “cercado” na Cinelândia, com bebidas e comidas incluídas.

“Esse grupo contou que pagou cerca de R$ 10 por mês, durante quase um ano, para ter direito ao espaço reservado”, contou Marinho. “Nós não temos nada a ver com isso. A prefeitura deveria tomar providências e coibir os cercados, porque as pessoas ficam impedidas de circular pela Cinelândia em um dia muito agitado, como é o dia do desfile”, finalizou Marinho.

A Secretaria Municipal Especial da Ordem Pública (Seop) informou que não tem conhecimento do problema e alerta que não será permitido o loteamento do espaço público com “cercadinhos” e similares.

No Carnaval, a Coordenadoria de Controle Urbano da prefeitura contará com 320 agentes divididos em três turnos, 24 horas por dia, para cobrir os principais blocos, além de 40 agentes da Equipe Bacana. O alvo da fiscalização será reprimir o comércio ambulante irregular, cobrar o cumprimento do horário de desfile dos blocos e coibir quem fizer xixi nas ruas.

Bola Preta critica Suvaco e Spanta Neném

O presidente do Cordão da Bola criticou também dois blocos da Zona Sul do Rio: o Suvaco do Cristo, do Jardim Botânico, e o Spanta Neném, na Lagoa. Segundo Marinho, os dois blocos contrataram a banda do Bola Preta sem autorização da instituição.

“Muito me decepciona saber que outros blocos não respeitam uma instituição com 91 anos de fundação. Um dirigente de bloco contratar a banda e não procurar a diretoria do Bola Preta é muita falta de respeito”, reclamou Marinho. Segundo ele, a banda desfilou no Suvaco do Cristo e no Spanta Neném com o uniforme do Bola Preta, e ele só soube do ocorrido pelos jornais.

“O maestro da banda também errou, no afã de ganhar dinheiro. Nós vamos deixar passar o carnaval e vamos tomar providências. Se o maestro não aceitar as diretrizes do Bola Preta, será afastado”, afirmou Marinho. “O que tem valor na banda do Bola Preta é o uniforme, e não quem está dentro dele”, enfatizou. Marinho também está consultando advogados para saber se vai entrar com uma ação na Justiça.

O presidente do Suvaco do Cristo, João Regazzi, minimizou o episódio, dizendo que já há cinco anos a banda do Bola Preta toca no Suvaco do Cristo. Regazzi também disse que os músicos não tocaram com o traje oficial da banda. “Eles não estavam caracterizados. Vestiam uma camisa meio branca, meio preta, mas não era o uniforme oficial do Bola Preta”, afirmou.

O presidente do Suvaco admitiu não ter entrado em contato com a direção do Cordão da Bola Preta. “A gente trata direto com o maestro. Como eles já tocam conosco há anos, não acreditava que houvesse algum problema. É a primeira vez que gente recebe alguma reclamação”, disse Regazzi.

O G1 procurou os responsáveis pelo Spanta Neném por telefone e por e-mail, mas não obteve resposta.


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